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"A nossa sexualidade não deveria nos atrapalhar em nenhuma profissão, isso é deprimente"

  • Foto do escritor: Daiane Guimarães Cruvinel
    Daiane Guimarães Cruvinel
  • 29 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Meu nome é Fabrício Teíxeira, tenho 27 anos, sou gay e atuo como Advogado.

Imagem por: Fabrício Teíxeira

Desde criança eu percebia que era diferente, algo em mim não era como nos demais garotos, mas quando fui crescendo percebi o quão machista e preconceituosa minha família era, quando terminei o ensino médio eu tinha 19 anos e precisei mudar de estado, só assim me assumi verdadeiramente pois eu me bancava sozinho, trabalhava e conseguia manter todos os meus gastos, minha família não me aceitava, até perceber que de fato eu era totalmente independente e capaz, mesmo sendo homossexual. As famílias veem a homossexualidade como uma limitação psicológica e incapacitada, pra não assumirem que são homofóbicos.


Depois de um tempo a minha família me aceitou, porque ou eles me aceitavam, ou me perderiam para sempre. Chegamos em um ponto onde eu já não fazia questão de tê-los por perto, já que nunca me apoiaram em nada. Foi aí então que conversamos e nos entendemos, já no final da minha graduação, hoje em dia eles me respeitam e me aceitam.


Assim que me assumi integrante da Comunidade LGBT, meu primeiro emprego foi como call center, mas foi por falta de formação profissional, na época eu havia acabado de sair do ensino médio e precisava de um emprego em que eu pudesse conciliar com a faculdade, por isso escolhi call center, pela carga horária diária acessível à mina rotina. Nessa época eu tinha em média uns 20 colegas homossexuais, a empresa na qual eu era colaborador era exceção à regra das outras grandes empresas, ela é super respeitosa e receptiva com os homossexuais e os abraça até hoje.


Sempre fui bem tratado, não tive problemas de adaptação, por não ser um gay afeminado, mas já sofri sim preconceito dentro da empresa. Alguns colaboradores heterossexuais não concordavam com a ideia de existir pessoas diferentes na empresa. Normalmente afeminados sofrem bem mais preconceito, não é errado ser afeminado, mas chamam muita atenção, ou seja, as pessoas não entendem muito o que é ser um homossexual afeminado e tudo que a sociedade não conhece, ela automaticamente tende a não respeitar.


Nas redes sociais eu tenho receio de me expor muito e ser prejudicado como profissional, afinal ainda existe muito preconceito, ainda mais na internet, existem pessoas mascaradas fakes, que usam a internet para magoar homossexuais e minorias. Mas se um cliente me perguntar a minha condição sexual em particular eu jamais escondo, sempre respondo. Sobre episódios de ciber-preconceito, já me chamaram de gayzinho no ambiente online, me senti triste, revoltado, rebati de forma clara e objetiva sem usar palavrões.


Eu tenho uma opinião clara de que a nossa sexualidade não deveria nos atrapalhar em nenhuma profissão, porque isso é triste, deprimente, afinal a minha capacidade como profissional e colaborador de uma empresa não deveria ser avaliada a partir da minha vida pessoal, mas sim do meu condicionamento físico, psicológico, emocional, criativo entre outros fatores que se relacionam com a vaga almejada. Acredito que não somente dentro do direito, mas dentro de todas as profissões precisamos de mais representatividade.


E como advogado, quando questionado sobre a lei que torna a homofobia um crime, eu acho que ainda é uma lei boa mas que precisa ser melhorada, porque ela está dentro da lei de racismo e não especifica contra a homofobia, ainda sim é eficaz porque por equiparação ao racismo o crime se torna inafiançável, mas precisamos de uma lei que tenha maior força punitiva e seja específica, afinal nosso país mata muitos homossexuais e não estamos protegidos totalmente juridicamente falando.

1 Comment


Luciana Ferreira
Luciana Ferreira
Nov 29, 2020

Sensível e forte o depoimento!!

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