"Nas minhas redes sociais eu consegui ser mais livre quando bloqueei toda a minha família"
- Daiane Guimarães Cruvinel

- 30 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Meu nome é Ana Julia Mendonça Borba, tenho 20 anos, curso Jornalismo na PUC Goiás e sou lésbica.

Me assumi lésbica com 17 anos na transição do ensino médio para o ensino superior, antes disso me reconhecia como bissexual e não era assumida para os meus pais, apenas em 2018 que me reconheci como mulher lésbica.
Sou assumida para a minha família por parte de mãe, desde o começo foi bem tranquilo, ainda escuto alguns comentários desnecessários, mas não faz muita diferença na minha vida. Fui quase que tirada do armário pela minha família por parte de pai, meu pai não sabe, mas minha família sim, são extremamente preconceituosos e não sou bem-vinda por conta disso.
Sobre a instituição em si eu nunca recebi nenhum tipo de apoio mas também nenhuma atitude imoral ou inconsequente, talvez pelos alunos, olhares e afins. Não me sinto representada, e vejo que outras minorias são quase que inexistentes ali, tanto em quantidade quanto em segurança
Sofri muito preconceito de quem eu não conhecia, tantos que até perdi as contas. Mas vou relatar sobre um último caso que aconteceu comigo e com minha namorada: nós estávamos voltando de viagem e optamos por viajar de ônibus por ser mais barato. Quando sentamos nas poltronas um homem chegou e começou a falar “misericórdia” diversas vezes olhando para a gente. Em seguida, dois homens que estavam do nosso lado começaram a encarar a gente e fazer comentários sexuais sobre “sapatão”.
Senti muito medo de ficar excluída na faculdade por conta da minha orientação sexual, mas minha atlética e a maioria dos amigos que fiz me acolheram. Sobre amigos homens eu me senti e ainda me sinto muito sexualizada, por ser estereotipada como mais feminina.
Nas minhas redes sociais eu consegui ser mais livre quando bloqueei toda a minha família por parte de pai. Receio eu sempre tenho, sempre penso uma ou duas vezes antes de postar, mas ainda assim sou mais livre por lá. Me posiciono e tento sempre aclamar por outras minorias além da minha. Sinto que isso tem sido um problema constante nas redes sociais, as pessoas são muito militantes rasas e só querem saber da sua causa, todo mundo precisa de voz.
Sobre essa intersecção em ser LGBT e mulher, acho difícil recordar de alguma vez em que não fui assediada sozinha ou com a minha namorada. Eu e a Carol passamos por isso quase que 99% das vezes que saímos, tanto olhares com prazer, homem chegando e querendo se aproveitar, comentários idiotas e afins.
Comentário da escritora: eu nunca me acostumo com a beleza da Ana. E quando eu falo de beleza, eu estou falando da interna e da externa. Que mulher incrível! Foi um prazer imenso conhecer você na faculdade e acompanhar o relacionamento pra lá de maravilhoso que você construiu com uma pessoa tão incrível quando você. Ver vocês duas juntas da força pra gente continuar a lutar pela liberdade, porque ver vocês se amando livremente, dá a impressão de que o mundo é um lugar muito melhor do que aparenta ser. Obrigada por participar do meu projeto, foi uma honra!








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