"Acho que a aceitação e o descobrimento são as fases MAIS incríveis da vida"
- Daiane Guimarães Cruvinel
- 30 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Meu nome é Ana Carolina Miranda Alves Silva, tenho 20 anos, Puccurso Publicidade e Propaganda na PUC Goiás e sou lésbica.

Meu processo de descoberta iniciou com 14 anos, e no meu primeiro beijo lésbico, já me assumi para mim mesma e para meus amigos e conhecidos como uma mulher lésbica. Mas para minha família foi aos 15 anos - alguns meses depois. Fui totalmente acolhida por meus amigos, inclusive foi um processo de descoberta de muitos deles.
Já sofri preconceito de gente que não conhecia, principalmente quando eu frequentava lugares héteros. Mas nada que eu me importasse. (Engraçado porque eu recebi essa pergunta no dia 13/11, e hoje, dia 16/11, eu e minha namorada sofremos homofobia de forma direta - uma forma que eu nunca tinha vivido - em ônibus de viagem, onde um homem se recusou sentar perto da gente e ainda ficou alguns minutos em pé falando que não concordava e que o mundo estava perdido. Os homens sentados ao lado riram da situação, e inclusive estavam bêbados demais não parando de olhar e falar da minha namorada. Foram as mais horríveis duas horas e meias de viagem.)
Nunca senti medo de ser rejeitada pela minha sexualidade - tirando a rejeição de casa. Acho que a atlética do meu curso, a Matilha, foi um grupo que acolheu bem demais os LGBTQ+, principalmente por grande parte do time feminino ser composto por mulheres lésbicas ou bi. Nunca passei por nenhum preconceito explicito na faculdade, implicitamente alguns olhares quando estou de mãos dadas com minha namorada, mas só.
Nas minhas redes sociais eu tenho total liberdade de expor minha orientação sexual e acredito que estou numa profissão até “privilegiada” quanto a isso. Nunca fui atacada na internet, me posiciono sempre e acho que temos que nos posicionar. Acredito que representatividade importa demais e fico bem feliz de seguir perfis nas redes sociais que sempre se posicionam, postam foto com os namorados/ namoradas LGBTQI+.
Eu e minha namorada já passamos por diversas situações com homens héteros que não respeitam o fato de sermos lésbicas, e isso me incomoda BASTANTE. Acho que de todos os preconceitos esse é o que mais mexe comigo e mais me deixa nervosa com a situação, estar em “ambiente hétero” é esperar que uma hora ou outra isso possa acontecer. Acho que isso acontece muito por sermos duas pessoas dentro do “padrão” de beleza, meu sonho a existência de um lugar que não vá nenhum homem hétero.
Acho que a aceitação e o descobrimento são as fases MAIS incríveis da vida, é você entender quem e você nesse mundo e que agora faz sentindo um milhão de coisas da sua cabeça. Me aceitar fez a vida ficar muito mais feliz, alegre e encontrei pessoas incríveis demais nesse caminho que pensam como eu. Em casa a situação já foi bem complicada mas acredito que tudo pode melhorar um dia. Meus amigos sempre foram incríveis com relação a isso, e muitos fazem parte da comunidade LGBTQI+, acredito que isso faz toda a diferença.
Comentário da escritora: ahhhh minha artista, meu paai eu sou muito fã dessa mulher. Em todos os aspectos, como atleta de elite, como diretora de arte, como pessoa, profissional, amiga. Eu tenho ORGULHO em estar com sua entrevistas em minhas mãos e muito honrada em contar a sua história. Muito obrigada por ser quem você é!
Comments