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"Eu realmente pensava que Deus me odiava por eu ser assim, e sentia raiva por ter nascido gay"

  • Foto do escritor: Daiane Guimarães Cruvinel
    Daiane Guimarães Cruvinel
  • 28 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Meu nome é João Pedro Sinhazique Araujo, tenho 25 anos, curso Zootecnia na PUC Goiás e sou gay.

Imagem por: João Pedro Sinhazique

Quando eu me assumi? Na verdade, quem me assumiu foi minha mãe haha. Quando eu tinha 21 anos ela me chamou para conversar e simplesmente falou que me amava do jeito que eu era. Disse que já havia percebido que sou gay há um tempo e que era para eu levar um genro pra ela logo. Eu sempre fui gay, nasci assim, e minha mãe sempre percebeu que eu era "diferente" dos outros meninos, o problema da aceitação partiu de mim. Meu lar é cristão e a religiosidade tomou conta do meu pensamento, fez com que eu não me aceitasse. Eu realmente pensava que Deus me odiava por eu ser assim, e sentia raiva por ter nascido gay.


Mesmo depois que minha mãe me assumiu, como falei antes, eu ainda não me aceitava completamente, aí fui a um psicólogo e lá eu entendi, que eu não sou "diferente", que Deus me ama muito. Foi graças a força que minha mãe e minha irmã me deram que consegui contar para o restante da família e para os meus amigos. O meu pensamento era: se me apoiarem ótimo, se não me apoiarem, bom também, porque eu tenho duas pessoas que estão comigo sempre.


Quando eu entrei na faculdade, em 2016, não falei para ninguém sobre a minha orientação. Até que fui criando mais intimidade com algumas pessoas e fui contando aos poucos. Um dia eu bebi mais do que o normal e me assumi de vez, mandei mensagem para vários amigos falando que eu era gay.


Isso foi um marco, porque sou de um curso das agrárias, onde o preconceito habita livremente, mas o inesperado aconteceu: simplesmente TODOS, me apoiaram e me apoiam até hoje. Eu digo que marcou porque até quando fui entrar na faculdade, justamente pela característica do meu curso, eu senti muito medo da reação de todos. Cursos como zootecnia, agronomia, medicina veterinária, possuem um grande número de acadêmicos machistas, conservadores, e isso afeta todos, tanto a comunidade LGBT que está lá dentro até as mulheres que optam por essas carreiras. Tem muita intolerância, ignorância, não generalizando, mas é difícil, acredito que seja por conta de uma criação mais conservadora e rústica que essas pessoas recebem.

Em relação ao restante da minha família, todos sabem, e aqueles que eu não contei, fingem não saber, porque realmente é algo perceptível, eu sou bem avesso aos padrões heteronormativos. Fui acolhido demais, eu falo para todo mundo, que eu sou minoria até no meio LGBTQIA+, porque todos, família e amigos, me apoiaram em tudo.


Nas redes sociais eu tenho total liberdade de ser quem sou, já me posicionei e me posiciono até hoje sobre as questões LGBTs. Inclusive prego que temos que dar a cara a tapa, sermos o que somos e ponto final.



Comentário da escritora: o João é incrível! Conheci ele através da Assumida, eu estava recrutando novos diretores e queria algum aluno de algum dos cursos das agrárias, e encontrei esse ser humano incrível. Ele sempre foi prestativo, compreensivo, calmo, conseguia transformar o pensamento de quem estava a sua volta e desde o inicio do meu projeto eu tive a certeza de que precisava conhecer e contar a história dele.

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