"Eu sempre fui gay, uma criança viada!"
- Daiane Guimarães Cruvinel
- 18 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Prefiro me identificar apenas como ARPA, tenho 30 anos e sou designer gráfico e artista.

Eu sempre fui gay, uma criança viada, mas só comecei a descobrir o que realmente isso era por volta dos 16 anos, foi quando tive minha primeira experiência. E assim que comecei a descobrir o que era, eu comecei a lutar contra porque me faziam acreditar que era errado.
Então namorei com meninas até por volta dos 19 anos, e foi aí que eu cansei e me assumi, isso foi em 2009. Meu primeiro emprego foi como editxr de imagens e assistente de fotografia.
Foi e ainda é complicado, porque eu continuo em expansão. Quem tem a mente presa no presente e no passado não consegue me acompanhar. Estou me descobrindo cada vez mais travesti e isso é desafiador.
Como profissional eu vejo o design e a área da comunicação como um bom mercado para pessoas LGBTQIA+, porém sei que muita gente não se assume dentro no seu local de trabalho e prefere manter a normalidade, abrindo assim espaço pra situações ainda mais constrangedoras. Acredito que deve abrir cada vez mais esse espaço para que essas pessoas se sintam à vontade para ser quem realmente são, afinal isso não interfere no profissionalismo de ninguém.
Atualmente eu trabalho como MEI, (micro empreendedxr) presto serviços remotos, home office e presencial também, então as vezes não tenho como saber e nem cabe a mim querer saber da sexualidade do contratante. No meu último emprego presencial dentro de uma agência haviam de 4 a 5 colegas que são LGBTQIA+ num time que eram de 10 pessoas. Então procuro também parcerias onde eu possa me sentir confortável.
Sobre preconceito, já aconteceu de me perguntarem "o que eu era" com o argumento de "para que tudo ficasse claro". Eu fiquei desconfortável pelo teor de piada que a frase soou. E algumas vezes sofri preconceito no trabalho, mas deixei passar, já estava gratx por ter um emprego. Alguns colegas faziam piada por eu usar maquiagem ou usar roupas sem gênero, eu lidava sendo superior mostrando como a pessoa é ultrapassada por pensar dessa forma. Ou às vezes também, eu deixava passar para manter o emprego, se tem uma coisa que a gente que é LGBTQIA+ aprende é ficar calado e deixar essas situações, criando medos e barreiras dentro de nós.
Minha rede social é aberta, meu perfil pessoal é o mesmo que o profissional, para que assim a pessoa acesse, já saiba logo com quem está lidando. Comentário da escritora: Eu conheci o ARPA por outro nome, mas durante a entrevista ele mencionou que prefere se identificar apenas como ARPA e assim eu fiz durante todo o trabalho, porque a identidade dele só diz respeito a ele mesmo! Fiquei surpresa com o que eu descobri e muito inspirada com a entrevista, principalmente na parte "quem tem a mente presa no presente e no passado não consegue me acompanhar", saiba ARPA que você está no caminho certo, porque viver do jeito que você quiser e pronto pra reinventar o mundo inventar o futuro, é viver da melhor forma possível. Gratidão em contar a sua história!
Comments