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"Até hoje não entendo muito bem o que eu sou"

  • Foto do escritor: Daiane Guimarães Cruvinel
    Daiane Guimarães Cruvinel
  • 18 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 25 de nov. de 2020

Meu nome é Felipe Mateus Carvalho, eu tenho 21 anos, estou finalizando o curso de Jornalismo na PUC Goiás e sou bissexual.

Imagem por: Felipe Mateus

Quando de assumi LGBT eu tinha 14 anos, eu ainda estava bastante confuso sobre tudo o que estava acontecendo na verdade. Até hoje procuro me entender melhor, afinal estamos sempre descobrindo coisas novas sobre nós mesmos.

Minha família foi extremamente acolhedora, muito compreensiva, eles agiram com normalidade e disseram que me amavam independente da minha orientação. Meus amigos também me apoiaram, inclusive os de infância. Claro que tiveram alguns que se afastaram, mas eu não os considero amigos, e foram poucos também.

Sobre eu me aceitar já é outra história. Foi bastante difícil, na minha família fui ensinado a repudiar tudo aquilo que não é branco, masculino e heteronormativo, eles faziam muito preconceito velado por serem influenciados socialmente. Até hoje não entendendo muito bem o que eu sou, sei que gosto de pessoas independente do gênero, mas de início isso foi estranho e “nojento” para mim. Até eu conseguir ter forças para entender tudo melhor e me amar, aprendi a amar minha orientação também. Luto para que os LGBTQIA+ sejam normalizados porque não quero que ninguém viva esse mundo se odiando, é muito dolorido isso.

Eu acredito que no Brasil é muito difícil encontrar uma instituição de ensino que saiba lidar muito bem com crianças e adolescentes LGBTQIA+, principalmente os TQIA+. Entretanto, provavelmente por ser um homem branco, nunca sofri dificuldades na minha instituição de ensino por ser LGBT, apesar de que alguns alunos praticavam bullying comigo, mas não fui silenciado em momento nenhum.

Já sofri preconceito de um desconhecido e continuo a sofrer infelizmente. Principalmente quando ando na rua com meu namorado, os olhares sempre dizem muito. Na internet também já fui atacado ao postar sobre algum momento em que saí para me divertir com meu namorado, mas eu apenas ignorei. Usei as minhas energias para me posicionar em outros casos, por tudo aquilo que eu luto, principalmente sobre injustiças e direitos das minorias LGBTs, afinal, é uma luta minha né. Para mim a melhor iniciativa de obter melhorias em uma causa é se posicionando a fim de mudar opiniões.



Comentário da escritora: eu tenho muito orgulho de ter estudado na sala do Felipe durante a minha graduação, ele me fez perceber em cada uma das vezes que se posicionava na aula que precisamos ver o mundo de múltiplas formas. Eu sei o quanto você é tímido e por isso te agradeço imensamente por essa entrevista. Parabéns por encarar a bissexualidade de forma tão plena, embora confusa, espero um dia ser igual a você!

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