"Nós vivemos em uma sociedade extremamente arcaica que ainda não aceitou essa variedade"
- Daiane Guimarães Cruvinel
- 30 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Meu nome é Maria Vitória Brito, tenho 23 anos, e desde de pequena eu sempre fui muito libertária, muito à frente nas minhas decisões e nas coisas que eu queria.

Eu comecei a minha vida sexual muito jovem, com 14 anos, e até entãoo eu me achava hétero, até que um dia eu senti desejo por uma mulher, fiquei com essa pessoa, e me encantei pelo ”mundo lésbico“. Por muito tempo eu fiquei achando que eu não sabia o que eu queria, porque geralmente é isso que acontece, as pessoas querem que você decida, bissexual não, lésbica ou hétero? E isso aconteceu por muito tempo, e eu ficava nessa de não saber exatamente o que eu era.
Quando eu falo que eu sou hétero afetiva, isso quer dizer que eu tenho geralmente sentimentos afetivos mais com homens, com as mulheres é mais atração física, relação sexual ou um beijo. Enfim, é assim que eu me denomino, caso isso mude um dia, eu vou mudar a denominação também.
Eu sempre lidei com isso de uma forma muito tranquila, muito clara, até comecei a pesquisar sobre e aí eu achei quem eu era naquele momento, e depois disso tiveram muitas alterações de quem eu era e pra quem eu sou agora, e eu acho também que daqui há vinte anos, se você me fizer essas mesmas perguntas eu vou ter outras respostas sobre quem eu sou.
Eu me aceitei muito bem, a minha família como eu disse não é aquela família aberta ao diálogo diário, eles meio que fingem que não sabem de nada, mas com a minha mãe eu já tive conversas sobre isso, e ela me aceitou desde o primeiro momento muito tranquilamente, a família do meu pai não sabe porque eu não tenho muito contato com eles, mas também acompanham minhas redes sociais, então se eles sabem, eles são muito discretos e não comentam sobre.
Eu penso que todo pansexual já foi bi um dia, quando eu falo pan eu quero dizer uma pessoas que sente atração e se sente atraída por qualquer tipo de pessoa, seja uma pessoa cis, trans, bi, hétero, lésbica, por pessoas sem gênero, ou seja, qualquer pessoa.
Nós vivemos em uma sociedade extremamente arcaica que ainda não aceitou essa variedade de pessoas que existem, e ser bissexual dentro da comunidade LGBTQIA+ é ser a letrinha transparente. Até algumas pessoas de dentro da comunidade, que abraçam todas as pessoas, possuem uma restrição com os bissexuais. Eles sempre nos questionam de quem gostamos mais, qual a porcentagem entre gostar de mulher e gostar de homem, e isso é muito chato, porque assim, o fato de eu ter relacionamentos mais com homens não quer dizer que eu goste mais de homens e muito menos que eu goste menos de mulheres. Comentário da escritora: ahhh Mavi, você não tem ideia do quanto eu estou feliz que você tenha topado participar desse projeto. Por mais que tenhamos nos afastado, a gente tem uma história que eu vou guardar pra sempre, e tenho certeza que um dia vamos dar continuidade de onde paramos. Queria te dizer que você sempre foi a pessoa que me puxou pro mundo, que fez eu quebrar meus princípios monótonos de interior, que me fez ver o mundo mais colorido e mais amplo do que eu via. Enfim, obrigada por existir!
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