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"O queer é um meio para liberdade, uma forma para as pessoas se encontrarem, viverem, serem felizes"

  • Foto do escritor: Daiane Guimarães Cruvinel
    Daiane Guimarães Cruvinel
  • 29 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Meu nome é Geraldo Henrique de Souza Oliveira Júnior, eu tenho 28 anos, sou jornalista formado na PUC Goiás, sou integrante da rede solidária, sou estudante da federal em Ciências Sociais para licenciatura. E atualmente estou atuando na área administrativa. Eu me identifico como Queer, no momento eu estou em um relacionamento homoafetivo, e sim eu me considero cis porque eu aceito o meu corpo como ele é.



Apesar de eu estar trabalhando nos ambientes e tudo, eu não era muito de assumir, eu assumia para as pessoas mais próximas, para aquelas que eu acabava fazendo amizade dentro do emprego. Mas foi na área de vendas e eu estava cursando a faculdade, estava me descobrindo, naquele processo de libertação das amarras que tinham sobre mim.


No ambiente de trabalho, que eu tenho conhecimento, eu só tenho a liberdade de falar sobre esse assunto com apenas uma pessoa. Nunca me senti excluído realmente, por eu ter certos privilégios, eu sou um rapaz branco, tenho uma certa educação acadêmica, eu sei me expressar, então acho que isso tudo me favoreceu muito.


De uns tempos para cá eu estou conseguindo me expressar mais, tenho uma autonomia, uma independência e isso ajuda você a ter possibilidades de não aceitar certas violências que acontecem no meio de trabalho. Eu já tive muitos receios com relação às redes sociais, no início eu tinha receio pela minha família, e depois foi por conta do meu lado religioso, porque eu cresci no meio religioso, no meio conservador e minha rede de amizades, de pessoas com quem eu cresci tem uma mente bem conservadora, então eu tinha medo da forma como me viam, como me enxergavam, e eu já recebi duras críticas por coisas que eu postava ainda bobas, infantis, engraçadas, e isso tudo me afligiu um pouco e refletiu na minha facilidade em me expressar.


As pessoas têm dificuldade de ver que somos algo mais além das redes sócias. Foi um processo demorado, eu tive várias conversas, tive que ter muita paciência, tive que me silenciar, esperar o tempo da minha família para eles entenderem. Foi um processo complicado porque eu sou o primeiro neto da família, sou filho mais velho, então foi bem complicado falar sobre essas coisas, ainda mais com a visão da sociedade patriarcal, machista, e querendo ou não isso afetava, influenciou a vida da minha família.


Com o tempo as formas de eu me colocar, de eu falar, pensar e entender as coisas, e desejando respeito, eu consegui hoje ter um bom relacionamento com minha família, nós debatemos os assuntos, discutimos, falamos sobre sexualidade de uma forma aberta e clara, tenho irmãos mais novos e eu acho importante esses diálogos, para eles terem uma visão libertária, uma visão que respeite as diferenças e eu sou muito feliz, por ter começado essa abertura, porque eu acredito que com isso que tivemos, mais diálogo e mais amizade, construí uma integração melhor com minha família.


O Queer, em significado, é uma teoria guarda-chuva pra designar tudo aquilo que é visto pela sociedade como estranho, um corpo anormal, um corpo que vai fora dos paradigmas heteronormativos patriarcais, que é baseado nos gêneros masculino e feminino. Mas ser queer vai muito além disso, é uma libertação, é como se fosse um anjinho que quer que as pessoas se expressem, sejam livres, tirem os estigmas, tirem as representações, as imposições que foram colocadas por toda vida nas pessoas. O queer é um meio para liberdade, uma forma para as pessoas simplesmente se encontrarem, viverem e serem felizes do jeito que quiserem da forma que preferirem, como quiserem se vestir.


Hoje, já com a maturidade, com todo esse momento que eu estou vivendo, eu busco me expressar sempre, brincar com os elementos heteronormativos e queers que habitam dentro de mim. Eu brinco com os elementos entre os gêneros, porque é assim que eu sou, a forma como eu me visto hoje é a forma como eu me expresso, eu busco usar roupas que eu me sinto bem, sem gênero, busco me expressar. Por exemplo, estou usando brinco, eu nunca pensei que usaria, já tive cabelo no ombro, loiro. Então eu busco quebrar esses paradigmas sim. Sendo queer, hoje eu sou muito feliz por me entender e entender que eu posso ser e que eu sou mais. E que além de tudo, eu sou livre.



Comentário da escritora: Geraldo é uma inspiração. As fotos dele transmitem sentimento, liberdade, autenticidade, modernidade. Eu fico muito feliz em saber que hoje você é feliz, você consegue ter um bom relacionamento com sua família, porque se caso assim não fosse, eles estariam perdendo a oportunidade de conviver e aprender com um ser humano iluminado. Obrigada por tudo isso!

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